terça-feira, 9 de março de 2010

estás apaixonado? por quanto tempo?

"Então de repente, no bar, na festa, na praia, na fila do banco - não importa -, os olhos se encontram. Primeiro uma ansiedade, um calor no peito que logo se espalha em calafrios que procuramos disfarçar. Um leve suor nas mãos. No primeiro encontro, os lábios ressecam um pouco antes do primeiro beijo, as palavras tremem embaraçadas em pensamentos confusos. Joelhos que mal sustentam o peso do corpo. Esquecemos do mundo lá fora em eternas horas de silenciosa saudade ao telefone, perfumadas com aquela inquietude própria dos amantes... " A situação parece prometedora, não é? O problema é o que se segue, num texto sobre o amor numa perspectiva científica, o que à partida não augura nada de interessante, podem os mais jovens pensar, ou até os mais sonhadores sem idade, comentando baixinho "lá está o prof. João Paulo a meter a Ciência em tudo. Nem o amor escapa, chiça!".
Até eu, sempre aberto às verdades cientificamente produzidas, hesitei em colocar este assunto aqui, tratado desta forma e não daquela que toda a gente (incluíndo eu) gosta e acha fértil para a imaginação: uma história de final feliz, ou pelo menos, nos entrementes, tórrida e impressionante, mas sempre com perspectivas de longo prazo, digamos "felizes para sempre".
Até eu me indignei um pouco ao ler as linhas que se seguem, e que afirmam, peremptoriamente, que a paixão tem um prazo de validade, que há este químico e aquele que provoca esta e aquela sensação, etc, etc. Deixo-vos a leitura, nem que seja para contestar esta Ciência cruel, porque se calhar até há outras versões da mesma Ciência que quase dizem o mesmo mas de outra forma mais romântica. A realidade às vezes é bruta. Não acham?
Prof João Correia
A Dra. Donatella Marazziti, psiquiatra da Universidade de Pisa, acredita que pessoas "doentes de amor" estejam realmente doentes: sofrem de um distúrbio obsessivo-compulsivo. Inegavelmente, paixão e psicose obsessiva-compulsiva compartilham diversos aspectos comuns. E isto não é meramente uma teoria sem fundamentos: "ambos estados associam-se a baixos níveis cerebrais de serotonina, uma substância química fabricada pelo corpo que nos ajuda a lidar com situações estressantes", afirma a médica.Existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão? Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, sim. Ela diz: "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que o amor possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança. "Em termos evolutivos," - ela completa - "não necessitamos de corações palpitantes e suores frios nas mãos". A pesquisadora identificou algumas substâncias responsáveis pelo Amor: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais da paixão. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai-se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente - a fase de atração não dura para sempre. O casal, então, se vê frente a uma dicotomia: ou se separa ou habitua-se a manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância -, e permanece junto. "Isto é especialmente verdadeiro quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan. Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação das substâncias responsáveis pelas manifestações associadas ao Amor. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres. E a Dra. Hazan é categórica quanto ao que leva um casal a se apaixonar e reproduzir: "graças à intensidade da ilusão romanceada que temos do Amor, achamos que escolhemos nossos parceiros, mas a verdade é conhecida até mesmo pelos zeladores dos zoológicos: a maneira mais confiável de se fazer com que um casal de qualquer espécie reproduza é mantê-los em um mesmo espaço durante algum tempo" - que o digam os processos de assédio sexual no local de trabalho... Com base em pesquisas da Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, pode-se fazer um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:

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