sábado, 19 de maio de 2012

Terapia genética rejuvenesce ratos com melhorias na saúde


 Investigadores espanhóis usam enzima que atrasa envelhecimento 2012-05-16 Os investigadores Maria Blasco e Bruno Jesùs.

A terapia genética permite que velhos ratinhos vivam por mais tempo e saudáveis, segundo um artigo publicado, por investigadores do Centro Nacional de Investigação Oncológica espanhol (CNIO), na EMBO Molecular Medicine. Com apenas um tratamento para transferir telómeros para diferentes células no organismo, os pequenos roedores mostraram melhorias drásticas na saúde, forma física e longevidade.

A telomerase é uma enzima que permite ajudar a manter a integridade física da ponta dos cromossomas. A terapia genética é normalmente vista como uma forma de entregar genes em células para corrigir defeitos genéticos ou doenças. Contudo, "se consideramos que o envelhecimento é, pelo menos em parte, a consequência de um problema de função dos genes, este tipo de terapia é também uma estratégia válida para atrasar o envelhecimento ou aumentar o tempo de vida”, segundo defende Maria Blasco, uma das autoras do estudo e directora do CNIO. A investigadora acrescentou ainda: “Os nossos resultados mostram que a terapia genética com telómeros não é só uma intervenção anti-envelhecimento viável mas também tem efeitos notavelmente benéficos em saúde já que não aumenta a incidência de cancro”. Os telómeros são uma espécie de capa protectora para sequências de nucleotídeos repetidos no DNA, na ponta dos cromossomas, que se vão gastando gradualmente a cada vez que uma célula se divide. E esta espécie de corrosão progressiva irá eventualmente fazer com que a célula pare de se dividir e morra um dia. A equipa usou um vector de vírus adeno-associado para estimula a actividade da telomerase nas células de ratos adultos – o que permite restaurar as pontas dos cromossomas com DNA. “Além destes ratos terem uma vida mais longa, têm ossos mais fortes, melhores funções metabólicas, coordenação motora e equilíbrio, assim como um desempenho exemplar em testes de reconhecimento de objectos”, segundo avançou Bruno Bernardes de Jesùs, co-autor. Os ratos usados nas experiências viveram durante aproximadamente 150 semanas. Um dos animais com um ano de idade tratados com a terapia genética viveu em média 24 por cento mais do que o normal; o tempo médio de vida dos ratos com dois anos aumentou em 13 por cento. Usando os roedores mais velhos, os cientistas foram capazes de tirar proveito dos efeitos de rejuvenescimento da enzima sem aumentar o risco de cancro. Utz Herbig, docente da New Jersey Medical School-University Hospital Cancer Center deixou um comentário na mesma edição da EMBO Molecular Medicine e refere que “este trabalho fornece uma primeira prova importante que a terapia genética com telómeros é uma aproximação factível e potencialmente segura de melhorar o tempo de vida em organismos envelhecidos”. No entanto, ainda falta saber “se resultados semelhantes podem ser obtidos noutros mamíferos que vivem significativamente mais do que os ratos”.

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